De modelo de eficiência e credibilidade, a estatal Correios transformou-se em poucos anos numa péssima prestadora de serviços, contabilizando prejuízos financeiros e causando transtornos à população que a sustenta. Na origem dessa degradação, estão o aparelhamento partidário da atividade e a incapacidade de reagir adequadamente à crise financeira que afeta o país. Diante desse quadro, é evidente que os Correios precisam se modernizar e que não há mais sentido no monopólio dos serviços postais que a empresa ainda detém.
Como alerta um especialista da Universidade de Brasília ouvido sobre o tema, a má gestão abre janelas para a corrupção e afeta a qualidade dos serviços. É o que os usuários vêm constatando de forma célere desde que a empresa se transformou em estopim do escândalo do mensalão, situação agravada com a falência do setor público de maneira geral. A consequência mais visível é a incapacidade da estatal de entregar as remessas, que atrasam sistematicamente ou nem chegam ao destinatário, impondo insegurança e prejuízos incalculáveis para a sociedade.
Os brasileiros, que arcam com o custo das correspondências, não podem continuar submetidos a um monopólio com serviços de tão baixa qualidade. Vítima de interesses de partidos políticos, que se apossaram de seus postos-chave, a empresa perdeu referenciais mínimos de qualidade, colocando em risco até mesmo o futuro de seus servidores. O fim do monopólio, permitindo que haja concorrência, é uma das alternativas que se impõem como forma de recuperar a credibilidade nessa área.