Seguidamente me questiono sobre o que é pior: a desinformação ou a má informação.
Exemplifico com uma rotina atual de consultório: chega uma paciente feminina de meia-idade e, apontando para o lado esquerdo da porção alta do seu abdômen, me diz: "Doutor, estou com pedras na vesícula biliar e quero fazer uma ultrassonografia para confirmar (meu) diagnóstico".
Com toda a paciência do mundo, neste caso o paciente é o médico, pergunto a ela, mesmo já sabendo a resposta, de onde tirou essas informações ao que ela me responde: "Da internet, é claro".
Inicio dizendo que no site visitado de assuntos médicos para pacientes não deveria haver referências à anatomia do abdômen, visto que as manifestações clínicas de doença da vesícula biliar são sentidas na porção alta do lado direito, e não no esquerdo, do abdômen, com irradiação para o dorso no mesmo lado.
É preciso, então, desconstruir a ideia preconcebida pela paciente que se "informa" de seus problemas na internet e vem para a consulta esperando que o médico referende seus achados.
Ora, circula muita informação pela rede, não há nem poderia haver um filtro de qualidade na divulgação dessas informações, havendo inclusive pessoas mal-intencionadas que se valem dessa ferramenta valiosíssima para divulgar conceitos errados propositadamente, com fins espúrios.
No caso de uma fonte honesta, como em vários sites de medicina, cabe ao médico interpretar os dados, porque somente ele pode tirar real proveito dessas informações.
Para o leigo, elas podem acabar mais confundindo do que ajudando.
Mesmo tratando-se de um caminho sem volta, vamos deixar para o profissional os assuntos referentes à saúde, substituindo a internet por uma excelente relação médico-paciente com confiança mútua e a segurança imprescindível para uma boa conduta.
Para o bem de todos.