O elevado número de afogamentos registrado neste verão até agora – um dos casos vitimou quatro pessoas da mesma família em São Francisco de Paula – chama a atenção para a necessidade de uma mudança cultural na relação dos gaúchos com locais de água doce. É em barragens, açudes, rios e lagoas, pontos nos quais é impossível manter salva-vidas, que ocorrem muitos episódios fatais, em geral envolvendo crianças e adolescentes não suficientemente alertados para os riscos. Por isso, a preocupação deve ser permanente, envolvendo principalmente a atuação de pais e professores, que precisam encontrar a linguagem certa para transmitir o recado, contribuindo para evitar novas ocorrências desse tipo.
A questão dos afogamentos exige mais responsabilidade, sobretudo de adultos, para que não entrem e não permitam que outras pessoas venham a se expor em locais perigosos. Crianças e adolescentes na água precisam da vigilância constante, de preferência de pessoas em condições de agir de forma preventiva. Providências mínimas, como a observância às placas de alerta, quando existem, e uso de coletes salva-vidas quando estiverem em embarcações ou praticando esportes náuticos são fundamentais.
A médio e longo prazo, é preciso que as aulas de educação física, sempre que possível, privilegiem o ensino da natação. Nada pode ser mais importante do que preservar a própria vida, reconhecendo o seu valor. Saber nadar deveria ser uma habilidade básica de toda criança nascida no Rio Grande do Sul e tão sujeita a tragédias como essas dos afogamentos.