Desafia a inteligência e o mais elementar senso ético a operação da Polícia Federal que flagrou tentativas de fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em pelo menos oito Estados, prendendo mais de uma dezena de pessoas. Parece incrível que, em pleno andamento da Operação Lava-Jato, pela qual dezenas de políticos, empresários, servidores públicos e intermediários têm sido expostos na mídia diariamente, presos por corrupção, muitos jovens ainda cedam à tentação da fraude numa prova essencial para a definição do futuro profissional. Com isso, prejudicam a si mesmos e põem em risco a dedicação de quem se preparou para o exame.
O Ministério da Educação (MEC) descarta qualquer possibilidade de as tentativas criminosas terem prejudicado a realização das provas. Sempre é bom lembrar, também, que os fraudadores são exceção num universo de milhares de candidatos íntegros e comprometidos com a honestidade. Ainda assim, é decepcionante constatar a ação desses delinquentes que, felizmente, estão sendo desmascarados e punidos.
Chama a atenção que esse tipo de esquema é usado por pessoas em condições de bancar até R$ 180 mil para garantir o acesso a um curso universitário concorrido, normalmente se valendo de alguém que faz a prova com documento falso ou transmite as respostas por ponto eletrônico. Como esperar que um profissional formado com base nesse tipo de subterfúgio possa exercer a profissão com um mínimo de dignidade?
Não pode haver transigência com esse tipo de crime. O rigor das autoridades policiais precisa ser permanente, no Enem e em outros concursos públicos.