Reportagem deste jornal sobre obras públicas atrasadas e inconclusas em Porto Alegre apontou também duas das principais causas do problema que se repete em diferentes administrações: falta de planejamento adequado e gestão pouco eficiente. Não é incomum, inclusive, que governantes anunciem com alarde uma obra, às vezes até inaugurem a pedra fundamental para colher dividendos políticos, e depois deixem a conclusão para seus sucessores. Tudo começa, portanto, pela irresponsabilidade política, mas costuma se estender às demais etapas da execução do trabalho.
A burocracia serve de pretexto para tudo, da licitação ao planejamento malfeito, do gerenciamento ineficaz à falta de recursos no meio da obra. Mas a verdade é que a burocracia pode ser vencida, quando há vontade política para tanto. É o que propõe a cartilha elaborada pela organização internacional Project Management Institute, que reúne ideias para aprimorar a gestão pública.
Algumas sugestões parecem tão óbvias, que fica difícil de entender por que os administradores municipais não as adotam sem precisar de ingerência externa. Uma delas é a integração entre todos os órgãos, secretarias e prestadores de serviços envolvidos no projeto. Quando cada um só se preocupa com a sua parte, sem atentar para o todo, os imprevistos ocorrem com maior frequência. Assegurar essa integração e cobrar eficiência de todos os responsáveis pela obra são tarefas irrenunciáveis do gestor.
Não há desculpa que justifique o descumprimento dessa responsabilidade.