Faltaram sensibilidade e bom senso na orientação judicial para vedar o acesso da imprensa ao local de votação da ex-presidente Dilma, em Porto Alegre. A justificativa do magistrado que determinou à Brigada Militar que impedisse o testemunho – sob o argumento de que Dilma é uma cidadã comum – não se sustenta na realidade dos fatos e nem no mais primário direito à informação.
Veículos de comunicação despacharam enviados especiais a Porto Alegre exatamente para acompanhar a aparição da ex-presidente, personagem central de um dos mais rumorosos casos da política mundial neste ano. Diante da evidente curiosidade, era mais do que previsível que as circunstâncias exigiam um aparato condizente para assegurar a segurança da ex-presidente, dos jornalistas, das pessoas que a acompanhavam e dos eleitores naquele local.
A Brigada Militar acabou se vendo envolvida involuntariamente numa orientação jurídica desastrada, que retirou um pouco do brilho de excelência com que o processo eleitoral vem sendo conduzido no Rio Grande do Sul. Para o Brasil e o Exterior, a imagem que fica das eleições em Porto Alegre é uma só: a bagunça em que se transformou, desnecessariamente, o mais do que previsível ato de votar de uma ex-presidente ainda em forte evidência pública.