Meu pai foi um grande conhecedor da vida do Duque de Caxias. Recebeu até a "Medalha do Pacificador" pelos trabalhos que escreveu sobre o patrono do Exército Brasileiro.
Recordo que ele contava (o que comprovei depois com minhas próprias pesquisas) que a amizade entre Luiz Alves de Lima e Silva e o futuro Dom Pedro II nasceu nas aulas de esgrima que o então major Lima dava ao pequeno príncipe de sete anos de idade. Uma espécie de devoção mútua que ajudou o Brasil a manter sua integridade territorial, cultural e linguística no atribulado século 19. Evitando que a antiga colônia portuguesa se dividisse em muitos países, até inimigos uns dos outros, como aconteceu com as colônias espanholas, destruindo o sonho de Simon Bolívar.
Pois bem, o que muitos não sabem, é que, durante a minoridade do futuro imperador do Brasil, houve um momento em que a bandidagem tomou conta do Rio de Janeiro, ao ponto, como escreveram os cronistas da época, de que "nenhuma pessoa do bem podia sair às ruas depois da entrada do sol".
Foi quando o futuro general Lima e Silva tomou a iniciativa de reunir um grupo de oficiais do Exército e da Marinha numa operação "para ações de garantia da lei e da ordem". Todas as noites, durante meses (e isso está numa carta de sua esposa Anna), o major Lima liderou o que o povo carioca veio a chamar de "Batalhão Sagrado". Homenagem àqueles jovens militares que apoiaram a polícia numa operação que "devolveu a tranquilidade às pessoas do bem".
Penso nisso, ao ver em matéria de capa de Zero Hora uma bela foto da ação conjunta de militares do Exército e da BM numa blitz na Vila dos Sargentos, dominada por quadrilhas de traficantes de drogas, o que impede que ali qualquer pessoa do bem possa sair às ruas depois da entrada do sol.
Como o patrono do Exército Brasileiro deu o exemplo histórico, foi absolutamente certa e necessária essa operação da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada, com experiência em missões da ONU no Haiti e nas favelas do Rio de Janeiro. Sejam bem-vindos todos os "batalhões sagrados" que possam combater os ladrões e assassinos que tomaram conta do nosso dia a dia. Permitindo que nós, as infelizes "pessoas do bem", possamos recuperar um pouco de tranquilidade.