O dia 21 de setembro marca o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, que representam aproximadamente 46 milhões de brasileiros, segundo dados do Censo de 2010. Recentemente, nosso país recebeu mais de 4 mil atletas de quase duas centenas de países para a disputa do Jogos Paraolímpicos Rio 2016. As condições de acessibilidade oferecidas aos competidores e aos turistas foram satisfatórias. Os estádios, as arenas, enfim, as praças esportivas, construídos ou reformados, o transporte coletivo e os demais itens de logística do evento foram pensados também para receber pessoas com deficiência.
Entretanto, a fim de evitar que os brasileiros com deficiência sigam vivendo em um 'ParaBrasil', ou seja, num país 'paralelo' no qual a acessibilidade é relegada ao segundo ou terceiro plano, é fundamental que a experiência dos Jogos deixe de ser apenas um sonho paraolímpico. A construção/adaptação/reforma de espaços de uso coletivo para todos, a fim de que a igualdade de oportunidades, tão frequentemente sonegada em nossas terras, seja vivenciada inteiramente por cada um de nós é uma meta possível, que pode ser alcançada. Vimos isso na Rio 2016. Observar, de perto, a tenacidade e o aguerrimento dos paratletas, em busca da superação de seus limites (quem não os possui?), deve servir como exemplo e inspiração para que o poder público e a sociedade civil mobilizem-se para transformar a garantia legal da acessibilidade em um direito fundamental respeitado e colocado em prática em todos os municípios brasileiros, tornando-se esse o legado mais palpável da experiência paraolímpica.
Essa deve ser nossa luta diária. E, quando escrevo a 'nossa', não me refiro exclusivamente às pessoas com deficiência, mas a toda e qualquer pessoa minimamente preocupada com a dignidade e a cidadania alheias. Quando elas são desrespeitadas, a sociedade brasileira como um todo afasta-se ainda mais da proposta de construção de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos prevista no Preâmbulo da Constituição Federal.