A reforma no Ensino Médio, apresentada pelo Ministério da Educação, busca justificar-se a partir dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2015. O ensino médio, segundo dados oficiais, obteve desempenho de 3,7, índice abaixo da meta prevista que era de 4,3. Ademais, ainda segundo o MEC, as altas taxas de abandono e reprovação apontavam para medidas urgentes. De fato, mudanças de concepção, metodológicas e de políticas educacionais são necessárias. No entanto, a questão principal, é: de qual reforma falamos?
Em primeiro lugar, uma proposta tão significativa quanto a apresentada precisa de uma discussão ampla com a sociedade, sobretudo com aqueles que vivem, diariamente, nas instituições de ensino: professores, funcionários e alunos. Assim, alterar por Medida Provisória uma estrutura tão complexa não parece ser a solução para a melhora imediata no desempenho dos alunos, mas, pelo contrário, pode redundar em confusão ainda maior.
A adequação do currículo, por exemplo, dividido em conteúdos obrigatórios, com 1,2 mil horas e o restante a ser definido a partir de ênfases em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou formação técnica esbarra na indefinição de uma Base Nacional Comum Curricular. Além disso, pensar o currículo é refletir a respeito de uma tradição seletiva, resultado da visão de alguns grupos acerca do que seja um conhecimento legítimo e, nesse sentido, como sistematizar essa batalha simbólica?
A escola em tempo integral e o reconhecimento de profissionais com "notório saber" (quem define "notório saber"?) são apenas mais algumas questões controversas que mereceriam um debate mais acurado. Enquanto países que são líderes no PISA, principal programa internacional de avaliação comparada, discutem o ensino baseado em projetos, novas configurações de espaço em sala de aula, relacionados a diferentes metodologias e intervalos mais frequentes entre as aulas, nós fazemos as mudanças, mais uma vez, a partir dos gabinetes. E, assim, tendemos até a retroceder ou piorar aquilo que já está ruim...