A gente escreve para juntar fatos, articular significados, compreender as coisas. Falar em Golpe, não é um insulto, é apenas nominar o que foi feito. Mas como ignorar as evidências, as provas instantâneas.
Para o capital financeiro internacional, a venda do pré-sal, o desmonte da Petrobras e de outras empresas públicas estratégicas para o país, as privatizações imediatas, a abertura total da venda de terras brasileiras, o fim do processo de integração que estava sendo construído em espaços como Mercosul, Unasul e Brics.
Para o povo brasileiro, o congelamento dos orçamentos para educação e saúde por 20 anos, o desmonte da CLT e das leis trabalhistas, o aumento do tempo para a aposentadoria, exigindo mais tempo de trabalho e menos direitos, a criminalização de quem luta contra essas políticas, elas sim, criminosas.
Estas metas estavam todas definidas e elaboradas. Mal se confirmava o impeachment e os golpistas anunciavam estas metas políticas. Isto explica a velocidade espantosa com que tudo foi anunciado na grande política. Simultaneamente o bloco golpista buscava uma 'solução final' para exterminar o PT. Também para acabar com 13 anos de governos petistas.
A aliança profunda da frente política judicial e midiática é a arma central desta operação. A Lava-Jato como aríete desta ofensiva naturaliza a partir da luta contra a corrupção um modus operandi, onde vale tudo. É evidente a forma que combina prisões seletivas, manutenção dos detidos em condições de enfraquecê-los para depois arrancar o que quiserem. Isto se combina com vazamentos seletivos, com o refinado acompanhamento da conjuntura na qual se joga publicamente cada vez, e com particular oportunismo e cálculo, um dos processos que estão sendo feitos.
Já é claro, hoje em dia, que há uma operação implacável contra Lula e outra absolutamente frouxa quando os dados do processo apontam para o PMDB/PSDB e outros.
O estado de direito é permanentemente violado.
Todas estas políticas precocemente explicitadas dão o sentido do movimento sob a proteção da luta contra a corrupção, fazem avançar seu programa conservador e profundamente regressivo. Este é o verdadeiro motor que busca neutralizar o governo nacional e suas políticas.
Mas, apesar destes mal disfarçados objetivos, está clara sua natureza reacionária culturalmente regressiva e escandalosamente preconceituosa. Felizmente, esta política do governo Temer já foi percebida e inteligida e a reação começou. Setores jovens resistem. Rebeldes e corajosos se afirmam. Criativos inauguram novas formas de atuação, militância e luta.
Estes setores, mais todos trabalhadores que serão duramente atingidos pelas propostas de alterar recursos orçamentários negando-os a setores imprescindíveis, serão a base social e militante que nutrirá a resistência, denunciará os labirintos da ofensiva conservadora.
Haverá luta, haverá resistência e haverá uma discussão permanente sobre o que a direita tenta de forma sumária consolidar como política de Estado.
No fast food social, combina comida indigesta com traição explícita.
Juventude e trabalhadores, negros e mulheres, LGBT e cultura são o chão pulsante que nutrirá as lutas de resistência do modelo que a direita quer empurrar goela abaixo. Aqui é o lugar da resistência, o começo do futuro. Surge uma nova geração: são uma nova vanguarda onde a esperança reencontra corações valentes, mentes livres, paixões incandescentes.