O presidente Michel Temer tem procurado minimizar as reações internas ao seu governo, atitude semelhante à resposta oficial dirigida a desconfianças externas em relação às mudanças políticas no Brasil. Em sua primeira visita oficial ao Exterior depois da posse, o próprio presidente da República admitiu na China ser "mais do que natural" o fato de seu governo não ter apoio unânime nesta fase inicial, definindo o momento como "politicamente complicado" devido ao impeachment. Num país com pressa para fazer sua economia crescer, a persistência de dificuldades políticas além do previsível precisa merecer atenção especial e imediata de integrantes do novo governo.
A primeira missão externa acabou colaborando para uma tentativa de reversão de temores em relação ao cenário político e suas repercussões no plano econômico. Foi a oportunidade de ratificar, perante alguns dos principais parceiros internacionais, prioridades a serem buscadas a partir de agora, e para as quais é vital contar com o apoio do Congresso, sobretudo neste momento de pressão nas ruas.
Além de confirmar o ajuste, com ênfase na fixação de um teto de gastos que contenha a expansão da dívida pública, o presidente também se comprometeu na China em gerar condições mais favoráveis aos negócios. E enumerou entre as prioridades os investimentos em infraestrutura, principalmente na área de concessões de estradas, portos, aeroportos, ferrovias e sistemas de geração e transmissão de energia, que só irão se confirmar num cenário de estabilidade.
Assim como a continuidade do combate à corrupção, a definição de um ambiente favorável aos negócios é precondição para o país reconquistar a confiança dos investidores. Sem crescimento econômico e a consequente recuperação do nível de emprego, será mais difícil para o país livrar-se da instabilidade pela qual todos os brasileiros vêm pagando um preço elevado demais.