Às vésperas da largada da campanha eleitoral, nada menos que 87% dos municípios brasileiros estão às voltas com sérios problemas fiscais. A situação, que se repete no Rio Grande do Sul, onde 77,8% das prefeituras enfrentam dificuldades, dá uma ideia do desafio à espera dos futuros administradores das cidades. O resultado é potencializado pela crise econômica e deve-se à redução de transferências federais e estaduais, à baixa capacidade de geração de receita própria e à elevação nos gastos com pessoal. Como a recessão encolheu os ganhos com impostos e ampliou as demandas sociais, é urgente o enfrentamento do problema, para evitar ainda mais frustração nas comunidades.
O diagnóstico das dificuldades, apontadas por um levantamento recém divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), preocupa por demonstrar que bons resultados financeiros nas gestões municipais são exceção. Em 2015, ano levado em conta pelo estudo, apenas 42 dos 5.568 municípios brasileiros conseguiram pagar a folha de pessoal com recursos próprios. Em meio às dificuldades, 15,8% das prefeituras ultrapassaram os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, prenunciando consequências sérias para os gestores que tomarão posse em janeiro.
Diante do risco de falência de muitas administrações municipais, é preciso que o período de campanha eleitoral contribua para apontar saídas. É nas cidades que os contribuintes vivem e precisam ter asseguradas condições de bem-estar e mais qualidade nos serviços públicos. Cada município tem de encontrar seu próprio caminho, mas todas as possibilidades incluem rigor fiscal e aposta na atração de investimentos para a geração de riquezas e oportunidades de trabalho.