A reportagem investigativa deste jornal que proporcionou aos porto-alegrenses e ao público em geral o conhecimento de irregularidades no Departamento de Esgotos Pluviais da Capital exemplifica bem a importância do jornalismo independente como monitor dos interesses da sociedade. Mesmo em tempos de internet e mídias sociais, o conceito emitido por Rui Barbosa nos anos 1920 ainda é válido: a imprensa continua sendo a vista da nação. A diferença é que agora o público não apenas recebe o que lhe oferecem os veículos de comunicação, mas também interage, pauta, cobra, critica e, desta forma, participa da vigilância sobre o poder público.
Se observarmos apenas ocorrências locais das últimas semanas, constataremos que a imprensa – estimulada pelos cidadãos – divulgou denúncias e informações sobre a má qualidade da água colhida para abastecer a população, sobre reajustes desproporcionais concedidos a determinadas categorias do serviço público, sobre deficiências dos serviços de segurança, saúde e educação. São todos temas de grande interesse para os cidadãos que sustentam a administração pública com seus tributos e raramente recebem retorno satisfatório em obras e serviços.
Manter o poder público sob estreita vigilância é uma das atribuições do jornalismo e uma justificativa inquestionável para a garantia constitucional da liberdade de imprensa. Não se trata, portanto, de uma prerrogativa das empresas ou dos profissionais de comunicação. Trata-se, isto sim, de um direito dos cidadãos de receberem informações úteis e independentes, que os ajudem a exercer a cidadania plena.