Sem qualquer tipo de controle por parte da prefeitura de Porto Alegre, empresa contratada para limpar equipamentos de drenagem vem superfaturando o serviço por meio de artifícios para os quais não há explicações plausíveis. A omissão do poder público é duplamente criminosa. Primeiro, porque a prefeitura confessa sua inoperância para realizar o serviço pelo qual o cidadão paga. Segundo, porque contrata terceiros e não fiscaliza a execução do trabalho, nem a cobrança.
Mais uma vez, foi preciso que a denúncia viesse a público – coincidentemente, num momento em que a população estava de novo às voltas com alagamentos – para as autoridades esboçarem alguma reação. O prefeito José Fortunati determinou sindicância no Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), enquanto os responsáveis pelo órgão se afastaram dos cargos e a empresa terceirizada se esforçou para justificar o injustificável. O que a reportagem de Zero Hora revela é um total descontrole na execução dos serviços e na fiscalização, que dá margem à gastança desenfreada e ajuda a acobertá-la.
É inadmissível que dinheiro dos contribuintes possa ser usado de forma tão displicente, muitas vezes para bancar serviços de qualidade duvidosa, de custo elevado demais, e mesmo que sequer foram prestados. Os munícipes, sobre os quais recaem as consequências, entre as quais se incluem inundações constantes, não podem ser ludibriados dessa forma. Por isso, o poder público deve explicações realmente convincentes, além de providências que levem à punição dos responsáveis e à devolução do dinheiro comprovadamente cobrado a mais.