O brasileiro está farto dos políticos. Cada delação premiada, cada fase da Lava-Jato e cada notícia de privilégio só confirmam uma certeza: assim não dá mais. Neste Brasil, que é capitalista, desde que o capital seja o que chega ao bolso dos caciques de sempre; que é socialista, se o interesse coletivo for o benefício financeiro dos donos do partido, os políticos chegaram ao fundo do poço.
Mas se está farto dos políticos, o brasileiro não está farto da política. Ao contrário. As ruas em 2013, os panelaços e as multidões pelo impeachment são provas gritantes da indignação coletiva, de que o brasileiro não abre mais mão do papel do que Aristóteles chamou de animal político, zoon politikón na língua dele, o protagonista da vida em sociedade, o número 1 da cadeia alimentar política.
Esse animal cansou das velhas raposas, não tolera mais superfaturamento, presidencialismo de coalizão, legendas de aluguel, reeleição, toma lá dá cá… essas aberrações que se tornaram normalidade.
Quer um Brasil honesto, que ofereça o que hoje a velha política sonega: educação, saúde, emprego, segurança, em que dinheiro, em vez de corromper, cumpra a sua finalidade, financie o desenvolvimento, estimule o trabalho, proporcione oportunidade de empreender, crescer, construir família e uma pátria que nos orgulhe.
Essa nova geração, não necessariamente jovem na idade, é jovem nas ideias. Pode ter menos ou mais de 30, mas rejeita as velhas formas de política.
O Brasil que precisa exorcizar as revelações que nos assombram a cada noticiário há de ser uma federação de verdade, fiscalizado por gente íntegra, com cláusulas de barreira, menos partidos, menos fundo partidário, um país com regras transparentes e para todos.
Se esse animal moderno usar a precedência do velho Aristóteles, fizer valer seu rugido, seu voto, e votar por excluir a velha política da vida pública, o país que desejamos começa a surgir em outubro. Pela saturação do errado, por tudo o que já vimos, não há momento melhor para dar início à renovação.
E esta é a boa notícia: a era do animal político ativo, que não é mais um figurante e sim o protagonista dessa cadeia alimentar virtuosa, parece bater, irreversivelmente, às portas do Brasil. Tudo o que precisamos é deixá-la entrar.