O descontrole dos gastos públicos pode ser considerado um caso de polícia. É inadmissível que governantes eleitos pelo voto popular e, por isso, com o dever de governar para o povo, não tenham competência para exercer o cargo para o qual foram eleitos.
As consequências desta incompetência administrativa (há quem diga que é deliberada) não poderiam ser piores: há uma epidemia de desonestidade que arromba os cofres públicos e esvazia o moral e a boa-fé dos cidadãos que esperam o mínimo retorno dos impostos que deixam no caixa do supermercado e nas taxas dos serviços básicos, por exemplo.
Uma das primeiras ideias "mágicas" de todos os governantes é a de aumentar os impostos. Que fascínio têm os administradores públicos para essa solução tão simplória e injusta?! Nem sequer vasculham as suas entranhas para encontrar a solução para os problemas e já disparam na imprensa a ameaça mais temida por todos os contribuintes.
O caso do Instituto de Previdência do Estado, o IPE, é emblemático. Há bem pouco tempo, a imprensa noticiava que a entidade estava vivendo uma das piores crises econômicas e que já previa uma solução imediata: o aumento da contribuição mensal dos seus segurados como salvação. Agora veio à tona a verdadeira razão desta crise: falta de competência (ou seria desonestidade?). Segundo a mídia, o Instituto estava pagando um ágio de 45% aos prestadores de serviços, uma despesa desnecessária acima de R$ 250 milhões. Além disso, o Instituto teria grande número de inadimplentes, cuja dívida com o Instituto chegaria a R$ 1 bilhão.
O caso do Departamento de Esgotos Pluviais, o DEP, também engrossa a lista do desgoverno a que estamos submetidos. O Departamento não controlava (diz que agora vai controlar) os serviços de empresas terceirizadas. Pelo menos na lista de uma determinada empresa, o número de bueiros de Porto Alegre aumentou consideravelmente. Isto, no entanto, não evitará os alagamentos tão comuns no inverno, mas certamente irá encher os cofres de alguns empresários desonestos e esvaziar os recursos públicos destinados a saná-los.
O país vive a crise mais perigosa de todos os tempos: a da carência de dirigentes competentes e comprometidos com os reais interesses coletivos. Homens públicos que não roubem o sonho de todo cidadão: o de uma sociedade mais igualitária e mais justa.