A mais recente pesquisa do instituto Datafolha mostra claramente que o momento político é favorável para a implementação de medidas de recuperação da economia que o governo vem adiando para não se desgastar antes da confirmação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Metade dos entrevistados manifesta a preferência pela continuidade do presidente interino Michel Temer no poder e cresce a confiança da população numa virada da economia. Confirma-se, assim, uma tendência comum na maioria dos países e presente também no Brasil: a de que, se as perspectivas econômicas se mostram menos desfavoráveis, com maior clareza sobre o futuro, crescem também o otimismo, a confiança e as chances de estabilidade.
Não há só aspectos positivos revelados pela pesquisa realizada entre os dias 14 e 15 deste mês, tanto do ponto de vista político quanto do econômico. Nem poderia ser diferente num país às voltas com um processo desgastante de impeachment, ainda sem definição de comando e que vai fechar o ano em recessão. Mas, embora continuem abaixo de cem pontos, mantendo-se negativos, indicadores mais próximos do cotidiano dos brasileiros deram um salto. É o caso da confiança em relação à queda da inflação e da redução do temor ao desemprego, que evoluíram em níveis consistentes o suficiente para criar um ambiente mais favorável.
Num governo contemplado com taxas de reprovação equivalentes a menos da metade do comandado pela presidente afastada, mas com percentual semelhante de aprovação, a tendência deve ser atribuída em boa parte ao reconhecimento da excelência da equipe econômica hoje no comando. No plano político, só agora as atribulações começam a se dissipar, com a bem-sucedida transição na Câmara. Por isso, é importante que o momento favorável seja aproveitado para o país tocar uma agenda econômica que permita uma retomada consistente do crescimento, beneficiando a todos os brasileiros.