O cenário político atual faz com que tenhamos a noção de que o país não tem mais jeito. Uma parcela significativa dos representantes por nós eleitos está sendo acusada de subornos, corrupções, abuso de poder, nepotismo, entre tantos outros atos ilegais. Precisamos olhar para nós mesmos para entender por que a corrupção está tão enraizada em nosso país, até institucionalizada, segundo alguns. Quando fazemos esta reflexão, reafirmo a questão que considero central, "o olhar para cada um de nós", não apenas como espectador, mas como cidadão partícipe da nação que temos e da que queremos para nós e para nossos filhos.
Conceitualmente, a ética se refere aos nossos esforços para justificar a nossa decisão frente a um dilema no qual entram em conflito dois ou mais valores centrais do nosso sistema moral. Trazendo isto para a realidade do dia a dia, constatamos várias situações que nos mostram que o grande problema ético do país não mora só em Brasília e nem é exclusividade apenas da classe política.
O objetivo aqui não é trazer respostas ao leitor, mas fazê-lo refletir. Um periódico carioca identificou alguns "desvios éticos" praticados na sociedade e que deixam a falsa sensação de que faz parte do DNA dos brasileiros o "querer" levar a melhor em tudo, seja ao não fornecer uma nota fiscal, seja na tentativa de subornar o guarda para evitar uma multa, seja na falsificação de uma carteira de estudante, seja furando a fila ou comprando produtos falsificados, batendo ponto para o colega ou colando na prova, ou ainda fazendo o famoso "gato" na TV por assinatura...
Parece-me que todos nós, brasileiros, precisamos compreender que o grande problema ético que o país enfrenta não é de responsabilidade exclusiva da minoria de políticos que nos representa. Seria muito prudente avaliarmos a responsabilidade dos quase 200 milhões de oportunistas de plantão, na qual nos incluímos, para que antes de apontar o dedo ao outro, um exame de consciência possa-nos revelar o papel de cada um na construção de uma sociedade melhor. Mudando nossa postura em casa, podemos transformar o bairro, a cidade e, quem sabe, com muito trabalho, o Brasil.