Terrorismo é intolerância, homofobia é intolerância, ódio religioso é intolerância, discriminação racial é intolerância – e a intolerância mata inocentes, corrompe o ser humano e ameaça a paz. Quando intolerantes têm acesso fácil a armas letais, como ocorre em vários Estados norte-americanos, o risco de tragédias se eleva potencialmente. O morticínio da boate Pulse expressa bem essa deformação da condição humana, que começa na educação e nos discursos segregacionistas, assumindo proporções devastadoras em mentes radicais ou perturbadas. Racistas, homofóbicos e extremistas de qualquer natureza tornam-se facilmente soldados de organizações criminosas que tentam impor suas verdades pela violência.
Armas só servem para matar, isso é inquestionável. Se o covarde que assassinou e feriu dezenas de pessoas no último domingo, em Orlando, não estivesse portando um fuzil AR-15 e uma pistola automática – ambos comprados legalmente –, certamente o massacre teria sido menor. Mas mesmo a arma mais destruidora não passa de um objeto inofensivo se não estiver em poder de uma mente doentia e cruel, formada pelo ódio e deformada por ideias, ideologias e motivações perversas.
Cabe repensar e restringir o comércio de armas, como está propondo o presidente Barack Obama, mas o mais importante é o enfrentamento da chamada cultura da intolerância, que favorece o desenvolvimento de seres humanos preconceituosos e violentos. Essa cultura – ainda que incomode utilizar uma palavra criada para definir o conjunto de conhecimento, artes, crenças, moral, hábito e aptidões de uma sociedade – vai desde a ingênua piadinha racista até o extremismo religioso fundamentado no ódio e na repulsa a quem pensa diferente.
Combata-se a intolerância e teremos menos atrocidades.