A decisão de instauração do processo de impeachment pelo Senado Federal (SF) está marcada para o dia 11.
Se maioria simples do SF votar pela instauração, a presidente da República é afastada e assumirá o vice-presidente.
O vice Michel Temer está em conversações para a montagem de seu ministério.
O que se assiste são intensas negociações e uma vacilação inacreditável do PSDB.
Divergências quanto à participação no eventual novo governo.
O presidente do partido, senador Aécio Neves, em um primeiro momento, se opunha a qualquer participação no novo governo.
Chegou a referir, secundado por outros, que, se algum membro do partido assumisse, seria por conta própria.
O ex-presidente Fernando Henrique e o senador José Serra discordavam.
O grupo do senador Aécio começou a afirmar que aquele que ingressasse no governo não deveria/poderia disputar cargo nas eleições de 2018.
Durante esses últimos dias, a posição do senador Aécio Neves se alterou e ele teria dito que o PSDB deveria participar do governo.
Na verdade, essas vacilações têm objetivo específico.
O senador Aécio Neves e o governador de São Paulo são pretendentes à candidatura presidencial em 2018.
A imprensa refere encontros com o vice Michel Temer e o senador José Serra que teriam como objetivo discutir a participação deste no eventual governo.
O senador Serra é de indiscutível competência como político e gestor.
Conhece tudo da administração pública.
Essa circunstância preocupa os dois tucanos.
Lembram do fenômeno Fernando Henrique no governo Itamar.
O ex-presidente se saiu muito bem no governo (Plano Real etc.) e acabou eleito presidente em 1994.
O eventual e previsível sucesso do senador Serra no governo Michel Temer poderá lhe ser favorável para um disputa presidencial.
Logo, a preocupação Aécio/Alckmin circunscreve-se às pretensões de 2018.
A necessidade de grande apoio na formação do governo Temer, nessa linha, é secundária.
O sucesso, também, do governo se transformou em grande problema, pois pode interferir nas pretensões presidenciais do senador Aécio e do governador Alckmin.
E, assim, a necessidade primordial do país de ter um eventual governo de transição que assegure a retomada do crescimento fica em segundo plano.
Primeiro os interesses eleitorais.
Depois, o Brasil?