Nosso país está acostumado a colocar a sujeira para debaixo do tapete. É um problema histórico. Quando Deodoro da Fonseca e demais republicanos golpearam a velha e nefasta monarquia de Dom Pedro II, a escravização negra, que fora utilizada por quatro séculos, foi ironicamente esquecida, em prol da imigração branca e europeia, que traria ares modernos e civilizatórios, transvestidos de ordem e progresso. Não é à toa que este problema não resolvido nos acarreta inúmeras consequências, dos quais estamos acostumados a ler na imprensa e assistir em jornais televisos. Todos os dias levamos um tapa na cara da história.
Politicamente o povo brasileiro sempre deixou a desejar. Sua omissão e desinteresse são históricos. Sua falta de consciência é do tamanho dos problemas do país. A representatividade política é uma grande farsa. Desde quando os políticos realmente representam nossos anseios? Muitos governantes aproveitam disso e administraram o Brasil como se fosse um circo. No riso, na palhaçada, no malabarismo, na pedalada. Não há como negar. Estamos sentados em cima de sujeira. E das grossas. O tapete nem consegue mais esconder. E nós? Escondemos que não dá para esconder?
Estamos diante de um dos fatos mais bizarros da nossa história. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cobrou propina, ganhou milhões, e agora ri de todos nós. Continua num cargo que não combina com sua postura. Recentemente, o ex-vice presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, confirmou mais pagamentos de propina que chegaram a R$ 52 milhões. Mais sujeira para debaixo do tapete. E não cabe mais. Ou se troca de tapete. Ou se muda o país.