Pela primeira vez, na voz do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, uma autoridade do governo disse claramente que a reforma previdenciária terá que mexer em direitos de pessoas que já estão trabalhando e contribuindo. Ou seja: as regras terão que ser alteradas durante o jogo, por mais chocante que isso pareça. O problema é que não há outra saída: pelo comportamento populista de alguns governantes, pelo hábito de empurrar as dificuldades para o futuro, o Brasil já adiou demais o enfrentamento da verdadeira bomba de efeito retardado em que se transformou a Previdência Social. Enquanto nada fazia, a população foi envelhecendo, aumentou significativamente o número de beneficiários do sistema, as pessoas passaram a viver mais e as despesas cresceram de forma tão desproporcional, que o déficit previsto para 2017 é de R$ 167 bilhões, o dobro do registrado no ano passado.