Em nova rodada de negociações, governadores dos Estados mais endividados, incluindo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, voltaram ontem a Brasília, buscando conciliar os interesses da União, que insiste numa solução de longo prazo, com os das demais unidades da federação, mais preocupadas com uma redução imediata nos desembolsos. O agravamento da crise política vem dificultando o debate sobre as alternativas, a ponto de a última reunião sobre o tema ter sido prejudicada pelo tumultuado depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, a questão precisa continuar como prioridade na pauta, pois tem potencial para provocar o efeito de uma verdadeira bomba nas finanças do setor público de maneira geral.
Tanto Rio Grande do Sul quanto Santa Catarina estão à espera de decisões do Judiciário sobre ações por meio das quais buscam não apenas uma redução nas parcelas, mas também no montante final. A aposta na estratégia judicial, porém, não pode impedir o debate em outras frentes sobre pretensões dos Estados, como a de negociações em separado e um possível prazo de carência nos desembolsos para a União.
O importante, neste momento, é que as alternativas possíveis não sejam encaradas como conflitantes, nem excludentes. É do interesse da União resolver o impasse com o mínimo de impacto nas finanças federais, para não agravar ainda mais a crise. Mas é prioridade sobretudo de Estados mais endividados, como os sulinos, definir uma estratégia que, de imediato, possa atenuar uma verdadeira asfixia financeira a que estão submetidos hoje.