Muitos brasileiros estão reagindo com indignação à notícia de que o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) liberou atletas, equipes e federações esportivas de participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, caso se sintam ameaçados pela proliferação do vírus zika. Ora, temos que ser menos passionais. Antes de dirigir imprecações aos norte-americanos, é importante assegurar que o ambiente da Vila Olímpica e das praças que sediarão as competições estará realmente saudável para todos.
Então, em vez de criticar o suposto boicote (que talvez nem ocorra), é urgente que as autoridades da área de saúde promovam uma verdadeira guerra ao mosquito, além de garantir assistência médica e proteção sanitária a todos - e não apenas aos visitantes estrangeiros. Enquanto os casos de doenças transmitidas pelo mosquito continuarem se multiplicando, não há por que criticar o medo das pessoas de se expor ao risco.
O comitê organizador Rio-2016 alega que a Organização Mundial da Saúde não emitiu qualquer alerta em relação aos Jogos Olímpicos. Lembra, também, que o clima dos meses de agosto e setembro, seco e não tão quente, assegura uma incidência menor do mosquito. Mas isso não é suficiente: o Brasil precisa mostrar que está efetivamente combatendo o agente transmissor de doenças, para desfazer temores externos e internos. Aí, sim, poderá torcer para que atletas que investiram muito na própria preparação venham lutar pelas medalhas olímpicas, sem o temor de serem derrotados por um inseto que ganhou poder devido principalmente à negligência histórica dos governantes e da própria população com as questões sanitárias.