Um país em crise, um governo em descrença, um setor público falido e um plano para reverter isso: mais tributo. O Brasil está em crise porque, nos últimos anos, o governo se recusou a implementar reformas para aumentar sua produtividade. Ainda gastamos muito tempo para entender quais tributos pagar e como pagar, ao invés de dedicarmos esforços às nossas atividades. Falou-se muito, fez-se quase nada. O Planalto está em descrença porque suas pílulas de crédito, desonerações pontuais e excessos de gastos que prometiam crescimento duradouro se mostraram como placebo: causam um efeito psicológico, mas depois revelam que não contribuem para a melhora do quadro. Pelo contrário, são responsáveis pela falência do setor público brasileiro. E agora, para resolver tudo isso, o governo quer aprovar a CPMF - tributo que o Congresso Nacional não autorizou sua manutenção em 2007.
Apesar de gerar arrecadação alta e ser de fácil operacionalização, a CPMF é um tributo que não encontra par em nenhum outro país, por ser distorcido e ineficiente. Se voltasse, seria mais uma das muitas jabuticabas brasileiras que tornam a vida do cidadão comum muito cara. Estima-se que, a uma alíquota de 0,20%, o governo arrecadaria cerca de R$ 40 bilhões a mais por ano. Mas isso não significa que a população teria mais saúde, educação e segurança. Ao longo dos últimos anos, o governo arrecadou mais, e todos nós sabemos os serviços oferecidos. A única certeza que temos é que, para arrecadar R$ 40 bilhões, cada brasileiro deverá deixar de comprar, em média, cerca de 7 litros de leite por mês.
O governo anunciou com pompa, mas não fez a reforma administrativa que prometeu, sua parte no enfrentamento da crise. Nos prédios de Brasília ainda se encastelam os amigos da rainha. Mesmo com ministérios fundidos, mudou-se nomes para não mudar nada. Os gastos cortados foram nos investimentos, as reduções foram de vento. Estamos fartos de ver bilhões de reais jogados fora em ineficiência e corrupção. O Estado brasileiro precisa gerenciar melhor os recursos que arrecada e eleger prioridades. Basta de tanto imposto!