Estava pesquisando um pouco os dados publicados pelo TCE-RS sobre a situação da Secretaria da Educação do Estado, à qual, entre tantas análises e conclusões, afirmam que falta gestão.
Não me causou surpresa, pois é uma constatação já feita em 1986/87, quando foi realizado o Censo do Magistério. Na época, eu presidia a ACPM-Federação e propus ao deputado Estadual Ruy Carlos Ostermann, que presidia a CPI dos professores fantasmas, que se fizesse uma investigação buscando os fantasmas fora e dentro da escola, delegacias e SEC. Ele acolheu e o Cpers também.
A Assembleia Legislativa e o governador Jair Soares aprovaram. Foi constituída uma comissão por escola, região e central. Todos queriam a moralização do magistério, a melhoria da escola com a exclusão dos fantasmas. Cada professor ou funcionário no dia do Censo preencheu uma ficha em seu local de trabalho, com mais de 40 dados.
As comissões analisavam e investigavam as informações, que iam desde cedências, descumprimento de horas de trabalho, desvios de funções, etc. Ao final, recomendou-se a abertura de sindicâncias sobre 10.137 servidores que apresentavam irregularidades.
Em marco de 1987, quando se iniciou o governo Simon, entregamos o relatório final. Fizeram então umas poucas análises e, misteriosamente, tudo foi arquivado. Posteriormente, sumiram todas as fichas e relatórios, todo o esforço foi em vão. Forças políticas mantiveram tudo como estava. Da mesma forma, todos os governos que se seguiram praticamente nada fizeram, resultando hoje nesses dados publicados pelo TCE.
Passados 29 anos, a realidade é semelhante, milhares de professores em desvio de funções, centenas de turmas desnecessárias. Enfim, um triste quadro de gestão. Os governantes colocam na educação políticos hábeis no discurso, que muito falam e pouco fazem, empurram o problema de governo para governo e não contrariam interesses.
Enquanto a visão do governo for essa, loteamento político da educação, não teremos a eficiência desejada, pela ausência de gestão. Perde o futuro dos nossos jovens.