Bastou a presidente Dilma Rousseff anunciar que o governo apresentará, ainda no primeiro semestre, a sua proposta de reforma da Previdência para que integrantes de seu próprio partido se voltassem contra a iniciativa, temendo desgaste político junto aos movimentos sociais e às corporações. Como o PT não quer, outros partidos da base aliada também ameaçam boicotar o projeto, todos de olho em seus próprios interesses eleitorais. Só que o país necessita visceralmente dessa reforma para evitar que a Previdência Social entre em colapso.
Embora o governo federal tenha anunciado uma melhora das contas públicas em janeiro, o mesmo não ocorreu com o setor previdenciário. O déficit nessa área se elevou a R$ 8,44 bilhões no mês, resultado 35% superior ao de um ano atrás, que já andava ruim. Esse é um motivo mais do que consistente para os partidos da base de apoio ao governo se unirem em torno de questões centrais sobre o tema. Pelas manifestações divulgadas até agora, incluindo as debatidas na reunião do Diretório Nacional do PT, no Rio de Janeiro, dificilmente a presidente da República contará com o apoio de seu partido nessa questão, o que é deplorável.
Nas pretensões do Planalto, a proposta deve ser encaminhada ao Congresso até abril, a tempo de ser examinada e votada antes do chamado recesso branco, já que muitos parlamentares se ausentarão do plenário devido às eleições municipais. Partidos da base aliada, a começar pelo PT, têm o dever de pensar menos em interesses corporativistas e mais nos do país diante de desafios como o de reformar a Previdência.