Quando eu e você saímos de casa, estamos colocando nas mãos de terceiros aquilo de temos de mais precioso: a vida. É assim todo dia, não importa se estamos caminhando, de bicicleta, no ônibus, de moto, carro ou caminhão. Dependendo do trajeto e do tamanho da cidade, cruzaremos por dezenas, centenas ou milhares de estranhos. Não sabemos se são pessoas boas ou ruins na condução dos veículos, atentas ou desatentas, prudentes ou abusadas. Será que dormiram bem na última noite? Quem está naquele carro consumiu bebida alcoólica? O outro está apressado? E as condições de saúde? Não importam as respostas, porque nossas vidas estão nas mãos de todos.
Eu cito casos recentes, só para exemplificar. As vidas de duas irmãs de 7 e 15 anos estavam nas mãos de todos os motoristas que circulavam pela Avenida Minas Gerais, em Nova Tramandaí. Um invadiu a calçada e matou as garotas ontem. Ele justificou que "apagou" e familiares suspeitam do uso de medicamentos.
Na noite de domingo, casal e filho morreram na BR 386, em Montenegro. As vidas deles ficaram nas mãos de um caminhoneiro que decidiu dirigir depois de beber. Tantas outras famílias choram todos os dias pelas perdas no trânsito. As vítimas saíram de casa imaginando que voltariam, mas desconhecidos surgiram no caminho.
Ninguém pode se considerar livre de alterar vidas. E nem sempre os condutores são os vilões. Uns anos atrás, por pouco a imprudência de um adolescente não muda as vidas dele e minha. O guri, numa brincadeira com amigos, cruzou repentinamente a rua, correndo. Em baixa velocidade com o carro, eu consegui frear e evitar, por um fio, o atropelamento.
Quem será o próximo? É a pergunta que ninguém poderá responder. Afinal, todo mundo que está nas ruas ou nas estradas coloca nas mãos de desconhecidos o seu destino. Boa sorte para você!