Ainda que tenha sido recebido com desconfiança por economistas e operadores do mercado, o pacote de medidas de estímulo ao crédito anunciado pelo governo durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é bem-vindo. As dúvidas sobre o resultado efetivo da medida não são suficientes para abalar o mérito da decisão. É claro que, como observam setores do empresariado, a retomada do crescimento ou pelo menos o estancamento da queda do PIB dependem de outros gestos mais decididos, além do que pretende reestimular o consumo. O que o governo mais precisa é recuperar a confiança de quem produz, o que depende também do Congresso.
O que importa é que dirigentes empresariais viram na última reunião do Conselho alguns sinais de que o Executivo não ficará paralisado diante da ameaça concreta da repetição, em 2016, da queda de mais de 3% do PIB no ano passado. O Brasil entraria então no terceiro ano, não só de estagnação, mas de retrocesso econômico, com graves consequências para emprego, renda e receitas do próprio setor público. A alternativa do crédito, levada em conta pelo governo a partir de sugestões do próprio empresariado, é uma resposta às demandas de representantes da sociedade presentes no Conselho.
Não se espera que o governo pretenda contar com oferta de crédito para resolver, de imediato, os graves problemas nacionais. Há consenso entre observadores da situação brasileira, inclusive no Exterior, de que o Brasil só poderá pensar em recuperação a partir de 2017. Por isso, será preciso, tão logo o Congresso retome suas atividades, continuar insistindo na defesa das medidas do ajuste fiscal, ainda não votadas, e enfrentar questões estruturais, como as reformas previdenciária e tributária. Sem isso, o que teremos mais adiante, ao invés do resgate da confiança, será a fragilização ainda maior do governo e, em consequência, também da economia.