Andou bem o Congresso ao aprovar a proposta de Vieira da Cunha, que Dilma Rousseff sancionou, permitindo incluir-se Leonel de Moura Brizola no Livro dos Heróis da Pátria. Gosto de ver realizar-se justiça, o que ocorreu no caso. Quem, com vontade indômita e muito patriotismo, liderou algo como a Campanha da Legalidade, em 1961, merece estar ao lado de figuras como Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e Zumbi dos Palmares.
Conheci Leonel Brizola naquela época. Como tantos jovens estudantes, curtia suas longas palestras semanais pelo rádio. Debatíamos depois suas ideias. Quando, após a renúncia de Jânio Quadros, não quiseram permitir a posse do vice-presidente João Goulart, percebi a estatura moral e a representatividade de Brizola como estadista. Adolescentes como eu, alunos lassalistas, componentes da inesquecível Banda Marcial Dorense, não vacilamos e fomos à Praça da Matriz para escutar, aplaudir e dizer que estávamos dispostos a tudo pela defesa de nossa Constituição. Coube-nos a inolvidável missão de um desfile na João Pessoa, executando, ao vivo, na avenida, com garbo e orgulho, os dobrados e marchas que a Cadeia da Legalidade transmitira durante as noites e madrugadas de vigília nos porões do Palácio Piratini, onde fora instalada uma rede de emissoras de rádio para a propagação da ideia da resistência legalista.
Pois foi então que me tornei um apaixonado pelo mundo das leis, sequioso pela defesa do Direito. Foi quando me encantei pelas palavras, ditas ou escritas, foi quando desenhei o que ainda hoje é minha rota. Direito, justiça, expressão, comunicação, liberdade e sociedade, valores que me são caros, muito pela inspiração que me veio do exemplo incomparável de Leonel Brizola. Herói sim, herói de verdade. Para mim, desde 1961. Agora, para todos os que respeitarem o significado de sua justa inclusão no Livro dos Heróis da Pátria.
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