Os gaúchos dispõem de cifras oficiais para medir a incapacidade do Estado de realizar investimentos mínimos, enquanto se debate para pelo menos pagar o funcionalismo em dia. No ano passado, apenas 1,36% da receita corrente líquida do setor público foi investida em melhorias de infraestrutura, reformas de escolas, construção de presídios e manutenção de rodovias. Foram somente R$ 480 milhões, que significam pouco menos de um terço da folha mensal. É desolador constatar que o Estado sobrevive como um ente estagnado, sem condições de qualificar pessoal e serviços, de melhorar estruturas e de se modernizar.
O resultado dos investimentos de 2015 foi o pior desde 2005. Ninguém espera milagres de uma situação em que 75% da receita é consumida mensalmente por gastos com pessoal, serviço da dívida e despesas correntes. Mas é justo que se espere uma reação mais determinada do Executivo a esse cenário. Os contribuintes gaúchos não podem continuar pagando impostos apenas para sustentar uma máquina pública que pouco oferece em melhorias à população. A situação crônica leva a outras conclusões alarmantes. Especialistas apontam que um Estado sadio deve aplicar pelo menos 10% da receita líquida em aperfeiçoamentos do serviço público. A melhor performance gaúcha, em 10 anos, foi a de 2010, quando o percentual chegou a 5,94%.
Mesmo que se reconheça que o atual governo já fez esforços no sentido de reduzir despesas, o próprio Piratini sabe que é preciso fazer mais. O ano que se inicia deve inaugurar o período de aprofundamento das ações corretivas, que mexam também em questões estruturais. Depois dos primeiros 12 meses de conhecimento da situação geral e da adoção das medidas inaugurais do governo, 2016 não pode repetir 2015 como ano marcado pelo cumprimento de exigências básicas.