O recesso político e as festas de fim de ano dão ao governo uma trégua nas várias lutas que trava para reconquistar a confiança da população, especialmente na batalha desgastante para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embora a disputa política continue desenvolvendo-se nos bastidores, o Planalto deve aproveitar este momento de aparente alívio para tentar destravar a economia, promovendo articulações que deem celeridade ao ajuste fiscal e propondo medidas de estímulo ao setor produtivo. O país precisa sair da estagnação e virar a agenda de 2015, marcada por escândalos de corrupção, por litígios políticos, pela recessão, pelo desemprego e pela desesperança.
Para que a trégua seja realmente produtiva, o governo tem de sair das cordas e partir para ações propositivas, dando mostras concretas de que não se tornará refém do corporativismo retrógrado de setores que se opõem a reformas e mudanças. Não será uma tarefa simples, pois os últimos movimentos da cúpula governista, especialmente a troca de comando no Ministério da Fazenda, indicam concessões a aliados e apoiadores que não se conformavam com a política econômica austera do ex-ministro Joaquim Levy.
Se o movimento pelo impeachment arrefeceu depois das decisões do Supremo Tribunal Federal, a insatisfação da população só retrocederá se as pessoas perceberem melhoras na qualidade de vida. Certamente isso não ocorrerá num período tão curto, mas os dois meses de trégua no embate político são suficientes para o governo sinalizar com mais diálogo, mais transparência e menos demagogia.