Editorial publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira, com links para Facebook e Twitter. Enquete: 223 manifestações, 80% sim, 20% não. Os comentários para a edição impressa foram selecionados até as 18h de sexta-feira. A questão: Editorial diz que a imoralidade não está nas instituições, e sim nos políticos que as deformam. Você concorda?
Em entrevista divulgada recentemente pelo canal Globonews, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa disse ao jornalista Roberto D'Ávila que nem todas as instituições republicanas estão funcionando como deveriam. Destacou que as chamadas instituições reativas, o Ministério Público, a Polícia Federal e o Judiciário, estão dando conta de suas atribuições. Mas as instituições propositivas, especialmente os poderes Executivo e Legislativo, não estão dando a resposta que a sociedade espera deles.
Não há como discordar dessa avaliação. A crise política que se agravou nos últimos dias comprova exemplarmente o mau desempenho desses poderes e de seus atuais comandantes. A presidente da República, agora às voltas com um processo de impeachment, chegou ao nível mais baixo de popularidade em decorrência da crise econômica, do escândalo de corrupção na Petrobras e da administração errática do país. Os presidentes da Câmara e do Senado estão sendo investigados pela Operação Lava-Jato, assim como vários outros parlamentares que integram as duas casas legislativas. Na verdade, não são os poderes que estão contaminados pelo vírus da inoperância: são alguns políticos que os representam - e que, infelizmente, também nos representam.
O Brasil optou inequivocamente pelo Estado democrático de direito. Tanto a Constituição quanto as leis dela decorrentes têm sido respeitadas desde que o país se democratizou. Mas a democracia não está imune a deformações, entre as quais o famigerado presidencialismo de coalizão que o sistema político nacional incorporou com todos os seus vícios. Também não está livre de pessoas que tentam se apropriar do Estado, que usam a representação e os mandatos em causa própria, que não hesitam em se acumpliciar com a corrupção.
Não são os poderes e as funções públicas que estão contaminados pela imoralidade: são os homens e mulheres que os utilizam indevidamente.
Para o país funcionar melhor, precisamos não apenas desenvolver mecanismos de controle sobre as instituições, mas também, e principalmente, uma cultura de integridade que efetivamente atinja todos os escalões da administração pública e também setores não governamentais. É sabido que não há corruptos sem haver corruptores. Mas ambos teriam menos espaço de manobra se a sociedade passasse a rejeitar inequivocamente a corrupção, qualquer corrupção, independentemente do tamanho. O princípio da esperteza, do jeitinho e do apadrinhamento é que não pode mais ser tolerado.
O LEITOR CONCORDA
Concordo. Os princípios éticos de nossas instituições estão sendo enterrados juntos com as figuras éticas de nossa nação, que hoje são raros e escanteados.
JULIANO PEREIRA DOS ANJOS - NOVA SANTA RITA (RS)
Qualquer projeto, quer seja municipal, estadual ou federal, tem a participação de um político, e quem paga essa comissão é o povo através dos impostos, valores esses que poderiam ser transferidos para saúde, educação, segurança, mobilidade social. Precisamos que haja uma fiscalização maior nos orçamentos, nas contas públicas. Por quanto tempo vamos ter que conviver com essa corrupção? Por quanto tempo nós vamos continuar pagando essa conta?
ROBERTO MASTRANGELO COELHO - PORTO ALEGRE (RS)
O LEITOR DISCORDA
Concordo em parte com a afirmação. Se a legislação não tivesse brechas, não haveria a flexibilização. A meu ver, a Constituição da República, extremamente longa e detalhista, além da sua interpretação amoral pelos políticos, governantes e alguns juristas (incluindo alguns juízes), tem permitido a distorção em lamentável abuso de poder generalizado, prejudicando o país e a população.
LETÍCIA DA CUNHA - PORTO ALEGRE (RS)
Discordo. Se as instituições são deturpadas por políticos desonestos, é porque têm brechas que permitem que isso aconteça e precisam ser aperfeiçoadas. Inclusive, há brechas de "deturpações legais", como diárias de vereadores e "auxílio-moradia" para juízes, num país com gente ainda amontoada em barracos e favelas.
THIAGO PELLIZZARO (Via Facebook)
Não. As duas coisas não funcionam, principalmente quando existe dinheiro em questão, ou seja, sempre. Tudo deve ser incrementado, tendo em vista que tudo evolui.
ALEX W. FRAGOSO (Via Facebook)