Você concorda com o editorial que a prioridade do país nesse momento é o combate ao transmissor do zika vírus? clique aqui
Mergulhado numa sucessão de crises, provocadas tanto pela deterioração política quanto econômica, para as quais é preciso buscar soluções eficazes e no devido tempo, o país precisa acordar, e logo, para uma verdadeira calamidade na saúde pública: a ameaça potencial do zika vírus. A particularidade de a doença estar associada à microcefalia e de já ter transformado em vítimas centenas de crianças e suas famílias em diferentes Estados é suficientemente grave para exigir a atenção de políticos perdidos em questões de interesse pessoal. Torna-se urgente mutirão unindo governo, classe médica e a sociedade em geral. Esse é o problema número 1 do país no momento e, por isso, não há como esperar que os demais se resolvam para só então atacá-lo com a rapidez e a eficiência exigidas. Entre tantas questões relacionadas ao Aedes aegypti e sua associação com a zika, a dengue e a febre chikungunya _ três doenças que matam e uma que ainda ataca o cérebro do bebê no útero da mãe _, preocupa sobretudo o fato de os boatos sobre a contaminação proliferarem mais ainda do que os mosquitos e muito mais do que as informações oficiais. Só em 2015, o Brasil já registra o nascimento de quase 2 mil bebês com má-formação craniana e cerebral. Por si só, esse número e o de famílias relacionadas aos casos confirmados já evidencia uma situação de calamidade pública.
Infelizmente, como admitem as próprias autoridades de saúde, o fato de se tratar de um problema recente e ainda pouco estudado faz com que haja muitas perguntas sem respostas. Ainda assim, é injustificável a disseminação de meias verdades e boatos até mesmo por redes sociais. Talvez em alguns casos até haja a intenção de ajudar preventivamente. Essas práticas, porém, só contribuem para espalhar terrorismo e para ajudar ainda mais na propagação do vírus.
Desde a confirmação da doença, da rapidez de sua disseminação e das sequelas que podem legar a tantas crianças pelo Brasil afora, o país tem se empenhado em fazer o possível para reduzir os danos. Não há razão para pânico, o poder público e os profissionais de saúde estão mobilizados contra o zika vírus, mas é preciso mais: a saída é um mutirão imediato de brasileiros contra o mosquito responsável por essa epidemia, que assumiu contornos emergenciais. O país precisa enfrentar seus problemas políticos, incluindo a corrupção, e econômicos, como inflação, baixo crescimento e desemprego, mas seu desafio número 1, hoje, se chama zika vírus.