O Ministério Público de Minas Gerais afirma que o rompimento das barragens da mineradora Samarco, em Mariana, não foi um acidente e tampouco fatalidade. Erro na operação e negligência no monitoramento são as causas apontadas para o verdadeiro tsunami de lama, que sepultou pessoas, animais e casas na última quinta-feira, provocando mortes e dezenas de desaparecidos. Como no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, o desleixo na prevenção contribuiu decisivamente para a tragédia. Por isso, fica evidente que a sociedade precisa pôr em xeque continuamente a capacidade das estruturas burocráticas de exercer o seu papel com um mínimo de eficiência.
Os milhões de metros cúbicos de rejeitos que, agora, ameaçam deixar comunidades inteiras sem água potável, deixam, mais uma vez, uma série de perguntas sem respostas adequadas: O que fazem os órgãos fiscalizadores? Por que tanto empresas do setor privado quanto público insistem em conviver com o risco, mesmo em atividades potencialmente ameaçadoras, como mineração? Como a população pode cobrar dos órgãos públicos que não fiscalizam? Haverá punição adequada para os responsáveis?
Infelizmente, a repetição de tragédias em consequência da leniência dos órgãos fiscalizadores reafirma que a impunidade continua sendo a mãe da irresponsabilidade. No caso específico envolvendo o projeto da empresa da Vale, notabilizada por sua excelência ambiental, ficou evidente a falta de transparência antes e depois da tragédia.
A sociedade precisa cobrar mais responsabilidade tanto do setor privado quando do setor público, em todas as instâncias da federação. Desastres como os das barragens de Fundão e Santarém não podem mais ser atribuídos a meras fatalidades.