Na tentativa de desativar especulações e, principalmente, o "fogo amigo", a presidente da República garantiu que o ministro Joaquim Levy fica onde está. Disse a senhora Dilma Rousseff que já não aguenta mais desmentir boatos sobre a substituição do titular da Fazenda. Foi enfática, inclusive, em dizer que respeita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que não concorda com todas as suas opiniões. Era uma referência direta ao fato de que o ex-presidente tem feito críticas à política econômica, em especial ao ajuste fiscal, cujos efeitos seriam recessivos demais, além de punirem particularmente as camada de baixa renda.
Ex-ocupantes de cargos públicos não estão proibidos de manifestar posições sobre as grandes questões nacionais. Mas amplos setores da política, incluindo aliados do governo, têm concordado que as críticas ao ministro fazem parte de uma tentativa de interferir na condução da economia e até de sugerir a substituição de Levy. Mesmo que analistas e parte do empresariado venham questionando a capacidade de articulação do ministro em torno do seu projeto, é inegável que seu prestígio, com reconhecimento internacional, não foi abalado. As críticas a ele dirigidas devem igualmente se submeter à ressalva de que qualquer nome alternativo não teria margem de manobra para fazer algo muito diferente do que vem sendo feito.
A manifestação da presidente da República talvez tenha o poder, num ambiente em que ainda prevalece a insegurança de quem produz e de quem consome, de fortalecer a posição do senhor Joaquim Levy. O que o país espera, a partir da declaração categórica em favor do ministro, é que o governo saiba conduzir com habilidade política os projetos do ajuste, para que a pauta da Fazenda seja destravada no Congresso.
O país deseja também que prevaleça o apelo do ministro, manifestado durante reunião dos países do G20, na Turquia, quando disse que espera dos brasileiros o mesmo otimismo que os estrangeiros têm em relação ao país. É um recado que deve ser assimilado principalmente pelo parlamento, que até agora pouco ou nada contribuiu para o êxito de ações que possam criar o ambiente favorável a um novo período de crescimento.