Não é à toa que as inteligências britânica e americana demoraram quatro dias para dar crédito ao tuíte da organização zumbi Província do Sinai, autovinculada ao dito Estado Islâmico, de que a queda do Airbus A321-200 da Metrojet havia sido obra sua. O Sinai pertence ao Egito. O deserto encontra-se sobre uma península estratégica na região, às margens do Canal de Suez e na fronteira com Israel. O fato de um grupo chamado Província do Sinai ser capaz de derrubar aeronaves sobre o deserto é tão inimaginável quanto uma organização denominada Frente Popular de Libertação da Disneylândia desembarcar comandos suicidas nas praias da Flórida.
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Embora o alvo do EI seja a Rússia do "porco" (palavras do grupo) Vladimir Putin, até as múmias do Museu do Cairo sabem que o maior prejuízo sobre o crime recai sobre o regime militar egípcio. O presidente Abdel Fatah al-Sissi usurpou o poder em meados de 2013 sob o pretexto de combater o terrorismo supostamente representado pela Irmandade Muçulmana, à qual pertencia seu antecessor deposto, Mohamed Mursi. Naquele ano, os militares egípcios receberam US$ 1,5 bilhão dos cofres americanos - o segundo maior aporte de recursos dos Estados Unidos a um único país depois de Israel. As consequências já se fizeram sentir: companhias britânicas suspenderam os voos de e para Sharm el-Sheikh, o balneário de onde partiu o Airbus.
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Nas próximas horas, virá o escrutínio das vidas dos principais suspeitos: os trabalhadores aeroportuários de Sharm el-Sheikh. O atraso de quatro dias na confirmação da suspeita de atentado deve ter permitido a muitos sumir para não ser submetidos ao tratamento padrão das forças egípcias de segurança. O momento crucial, porém, será aquele em que o general-ditador admitir, ainda que indiretamente, que seu país abrigou os perpetradores do pior atentado terrorista desde o 11 de Setembro.