Quem vive sem esperança? Quem não tem um projeto engatilhado para o futuro? O governo Dilma não tem. Equipes dos diferentes ministérios passaram o ano acorrentadas ao ajuste fiscal e ao medo do impeachment. Agora, reclamam que nem tiveram a chance de elaborar políticas de médio e longo prazos. Novos diretores recém estão sendo nomeados. Novembro chegou e é como se o governo estivesse começando.
A principal aposta para a retomada dos investimentos pesados no país em 2016 é o programa de concessões de estradas, portos, aeroportos e ferrovias. Mas não há comando. Cada estrutura trabalha por conta própria, enfrentando reuniões no Tribunal de Contas da União e contratempos burocráticos sem qualquer orientação ou socorro de um gestor central. Quem cuidava do PAC, por exemplo, era a então ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Quando a equipe do Dnit responsável pela obra da BR-448 deparou com problemas que podiam atrasar o cronograma, foi a Miriam que os técnicos recorreram. Com um duro telefonema, ela resolveu o impasse e a obra prosseguiu. Não há essa figura para as concessões. À frente do Planejamento, Nelson Barbosa está mais é preocupado em fechar o orçamento e em dar pitacos nos rumos da política econômica. A paralisia é tão grande, que a Dilma da Dilma desapareceu.
Nessa falta de horizonte, surge o ex-presidente Lula badalando o nome de Henrique Meirelles para assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy. Lula é um especialista em factoides. No discurso enfeitado, Meirelles surge como um redentor, alguém para trazer novos ares à economia, resgatando a política do crédito farto e do trabalhador endividado, mas feliz. Seria aquela injeção de esperança. Uma ilusão. Meirelles e Levy são praticamente a mesma coisa. O que o governo precisa mesmo é de rumo.
Balaio de gatos - A sobrevida do deputado Eduardo Cunha como presidente da Câmara é o retrato de um parlamento que perde qualidade a cada eleição. Aqueles que ainda andam de conchavos com Cunha olham para as notícias e devem pensar: eu sou você amanhã.