A tela não era grande. Mesmo assim, me encantei com a expressão daquele rostinho.Faz alguns dias, estávamos todos em uma reunião aqui na RBS. Dezenas de colegas da Redação e o presidente Duda Melzer. Falamos sobre planos, futuro, propósito e desafios.
Discutimos o hoje e o amanhã. Numa reunião com jornalistas, imaginem a quantidade de opiniões. Todas muito embasadas e definitivas, principalmente
a minha.
Mas minha referência na abertura do texto é sobre outra coisa.
Por teleconferência, o David Coimbra interagia com a gente desde Boston. Quase interagia. O David estava com aquela cara de quem está em Boston, miles away. Sentado num poltronão made in USA.
Acho até que cochilou umas duas vezes. Compreensível. Tinha acordado cedo para fazer o Timeline, da Rádio Gaúcha.
De repente, olhei pra tela e vi o Bernardo, filho do David, sentado no colo dele. Meu primeiro impulso foi de surpresa. O que uma criança fazia no meio daquela reunião tão adulta, tão de trabalho?
Durou uma fração de segundo. Em seguida, relaxei. Sorri. Fiquei mais leve. E a expressão do Bernardo era maravilhosa. Engolia tudo com os olhos, feliz. Aquela carinha de quem quer, de quem precisa entender, orgulhoso por estar ali junto com o paizão.
Durante muito tempo, pregou-se a ideia de separação absoluta entre o pessoal e o profissional. Como se fosse possível apertar um botão e deixar de ser pai. Apertar outro e esquecer a profissão.
Hoje, tenho certeza de que é justamente o contrário. Só o equilíbrio nos salva. Um equilíbrio dinâmico. No qual cabem filhos, amigos, amores, raivas e até cochilos em reuniões. De preferência, tudo junto. E misturado.