Conheço muitas e muitas pessoas que moram em áreas dominadas pelo tráfico de drogas, pelo crime, pela falta de saneamento, pela escassez de políticas públicas e por tantos outros problemas. Nem por isso essas pessoas entram para o mundo do crime. Pelo contrário. Encontro diariamente elas indo para o trabalho. Pegando ônibus às 5h. Tendo que acordar às 4h. Voltando tarde para casa. Criando filhos e sonhando com futuro melhor.
Essas pessoas, pelo ambiente onde vivem, teriam tudo para ganhar dinheiro fácil, entrando para criminalidade. Mas não. Não fazem isso porque existe uma grande diferença entre pessoas do bem e vagabundos, criminosos, marginais, como queiram nomear.
O vagabundo, quando preso, costuma dizer que está ali porque não teve oportunidade. Porque não teve educação. Porque é vítima da sociedade. Papo furado. A verdadeira vítima não é ele e sim o vizinho dele que vive em meio aos tiroteios, ao tráfico de drogas, e tem que seguir a vida, trabalhando honestamente e calado para não morrer.
Enquanto muitas pessoas ficam passando a mão na cabeça de vagabundo, o morador do morro, das vilas, das áreas mais pobres, que não é vagabundo, passa a mão na cabeça do seu filho esperando que ele não caia no crime ou não morra por uma bala perdida vinda de um vagabundo.
