Em contraponto ao bombardeio que o ministro Joaquim Levy vinha sofrendo por parte de lideranças do PT, a presidente Dilma Rousseff saiu finalmente em defesa do titular da pasta da Fazenda, assumindo a estratégia contra a crise como de seu governo e não apenas da equipe econômica. Já era mais do que hora de uma freada na ação desses inimigos na trincheira, defensores de uma política populista que jogou o país num dos maiores impasses financeiros de sua história. Hoje, não há mais apenas uma turbulência conjuntural como alegou a presidente, em viagem à Suécia, mas uma sucessão de fatos negativos sem perspectiva clara de solução no horizonte.
O país, de fato, dispõe agora de alguns dados a seu favor, como um volume excepcional de reservas cambiais e a retomada de superávits na balança comercial. Ainda assim, não tem como abrir mão, neste momento, de um comando da política econômica identificado com o ajuste fiscal. E precisaria apostar numa condução política mais firme para facilitar a aprovação, pelo Congresso, de medidas inadiáveis para o equilíbrio financeiro do setor público. Entre as alternativas, estão desde a manutenção dos vetos presidenciais a medidas de impacto no orçamento até o exame de reformas estruturais que ainda não estão sequer na agenda política.
Enquanto líderes do PT conspiram, o ministro Joaquim Levy segue trabalhando em condições adversas, o ajuste fiscal esbarra no impasse político e a própria população vê com desconfiança as medidas propostas, especialmente a tentativa de elevação de tributos, num esforço para equilibrar o orçamento. É inegável que o remédio amargo tem efeitos colaterais dolorosos, como, por exemplo, o redimensionamento de programas sociais. Mas a política econômica é do governo. Os oportunistas que fazem jogo duplo têm que ser desmascarados.