É inquestionável a importância dos conselheiros tutelares para a proteção à criança e ao adolescente. A eleição realizada no domingo, pela primeira vez de forma unificada em todo o país, contribui para que se fortaleça uma atividade decisiva para que os direitos da infância sejam preservados. Conselheiros eleitos por voto direto são guardiões de leis que dificilmente seriam cumpridas sem fiscalização. Há, no entanto, uma preocupação sempre presente quando desses pleitos sobre a efetividade dos compromissos assumidos pelos eleitos. Por isso, cabe às comunidades fiscalizar a atuação de seus representantes como vigilantes de normas definidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Como regra, sabe-se que os conselheiros têm cumprido sua missão no país. São frequentes os relatos de atuações até mesmo heroicas de pessoas que, em áreas conflagradas, enfrentam ameaças enquanto procuram fazer valer sua autoridade. Mas há, como em qualquer função pública, casos de distorções, como as de grupos que se articulam para eleger conselheiros vinculados a interesses setoriais. Tais fatos configuram tentativas de interferir nas escolhas e na forma de atuação dos eleitos, que têm a atribuição não só de denunciar delitos, mas também de orientar, aconselhar e mediar conflitos.
O que importa é que os princípios do conselho tutelar, na origem da sua criação, há duas décadas, sejam preservados. Conselhos existem para que o conhecimento, o bom senso e a vivência dos escolhidos estejam a serviço das famílias de suas comunidades. O Ministério Público e a Justiça têm reconhecido essa tarefa, que será aprimorada na proporção da participação dos eleitores na vigilância dos atos dos que foram eleitos.