A presidente Dilma Rousseff classificou como "legítima" a reforma ministerial anunciada ontem, lembrando que as mudanças foram feitas às claras e que a opção por coalizões partidárias desde a redemocratização torna necessário conquistar apoio do Congresso. Ainda assim, as alterações ratificaram o custo que a divisão da máquina administrativa entre partidos aliados impõe ao país. O pretendido corte de 10 ministérios limitou-se a oito e o impacto da redução de custos acabou modesto perto das necessidades. O ganho maior é dos políticos e do próprio governo, que busca assim conquistar mais apoio para aprovar o ajuste fiscal e atenuar o risco de um processo de impeachment.
Ao diminuir de 39 para 31 o número de ministérios, o governo torna o primeiro escalão numericamente um pouco mais sintonizado com a realidade das finanças públicas. A fusão de pastas, porém - como as de Trabalho, Previdência e as de áreas sociais -, prevê a criação de supersecretários, o que deve resultar na manutenção de uma estrutura semelhante à existente hoje. De qualquer forma, é importante que as medidas de contenção de gastos - de viagens aéreas à redução no número de cargos em comissão - se confirmem, virando regra.
O país precisa perseguir maior profissionalização da máquina administrativa e aprovar uma reforma política que torne os partidos mais programáticos e menos fisiológicos. É a forma de evitar que, em momentos de maior fragilidade política e econômica como o atual, os brasileiros fiquem submetidos a práticas como a de um inaceitável toma lá dá cá na gestão pública.