As lavouras de inverno do Estado têm sido submetidas, neste ano, a uma verdadeira montanha-russa do tempo, que poderá ter impacto sobre a produção. O ciclo começou com chuva intensa em julho, depois passou por calorão fora de época em agosto e, agora, em setembro, ficou sujeito à geada, ao granizo e à chuva contínua. Alguns são efeitos de ano de El Niño, mas nem por isso deixam de preocupar.
- Foi um ano bem atípico, com condições climáticas adversas - confirma Alencar Rugeri, assistente técnico estadual da Emater.
E o grande complicador da equação geada, granizo e chuva é o fato de setembro ser decisivo para culturas como a do trigo. É neste mês, afirma Rugeri, que se define o tamanho e a qualidade da safra.
Nível dos rios se estabiliza, mas número de desabrigados aumenta
Ainda vai demorar alguns dias para que o impacto causado pela variação climática seja mensurado. E também para se conhecer os efeitos sobre as culturas de verão já semeadas - milho e arroz.
- A chuva em excesso para o milho não é boa, mas também não chega a ser um grande problema. Estamos no aguardo para saber do estrago nas áreas mais afetadas pela geada - explica Cláudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado.
Cerca de 40% da área total de milho no RS - a menor da história - foi implantada.
- Em seis a sete dias devemos ter uma projeção sobre o prejuízo. Hoje, não arrisco dizer nada - completa o dirigente.
No arroz, com 5,7% da área semeada, o clima, por ora, não chega a ser uma ameaça maior. Plantio e preparo do solo estão "ligeiramente atrasados", segundo a Federação das Associações de Arrozeiros, por tempo e dificuldade de acesso ao crédito.
- O El Niño vem se mostrando de diferentes formas no Estado. A maior prova é que na Fronteira Oeste houve evolução expressiva do plantio, enquanto em regiões como a Planície Costeira e a Depressão Central ainda não - afirma Henrique Dornelles, presidente da Federarroz-RS.