A descoberta de que a lógica do aprender é diferente da lógica dos conhecimentos que são ensinados é uma revolução quase tão grande quanto a de Giordano Bruno, de Copérnico e de Galileu.
Identifiquei-me profundamente com Denise Fraga, ao assistir a peça Galileu, Galilei onde ela interpreta Galileu.
Ela estava segura e feliz porque tinha certeza de que era a terra que girava em torno do sol e não o contrário. Quando lhe lembravam do que ocorreu com Giordano Bruno ela bradava: Ele foi executado porque não tinha provas. Agora (então), as provas aí estão. Basta olhar no telescópio. Só que as forças conservadoras - a academia, a igreja e os governantes se negavam peremptoriamente a fazê-lo. Nenhum deles se dignava sequer chegar perto do aparelho, como se dele viesse algo, perigoso ou explosivo.
Saíram os resultados do programa nacional de alfabetização na "idade certa" - PNAIC. Um fracasso rotundo! Apenas 11% de alunos, no final do 3º ano, arranham uma duvidosa alfabetização. Entretanto, já milhares de professores, utilizando metodologia cientificamente atualizada alfabetizam de verdade, aos seis anos ou também alunos defasados, com mais de oito anos.
Mas não se quer olhar no telescópio que põe isto em evidência.
O Ministério de Educação financiou por cinco anos um Programa de Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização o qual apresentou resultados que não oferecem dúvidas sobre a possibilidade de quebrar este tabu: não alfabetizar alunos de escolas públicas aos seis anos (a verdadeira idade certa) e muito menos os defasados com mais de oito anos. Uma plêiade representativa de municípios nele estiveram engajados e nunca, alguém do MEC foi saber o que ocorria e como ocorria.
A experiência de Galileu continua viva naqueles que contrariam preconceitos e estratégias de poder. Afirmar que a terra não era o centro do mundo contrariava fortes interesses de dominação. Todos podem aprender contraria uma minoria que veria o poder do saber compartilhado pela multidão dos que apenas precisam de uma nova forma de ensinar para ladear com os seus filhos.
Antes dos meus 115 anos espero que esta evidência ganhe do obscurantismo perverso que o medo do novo engendra.
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