Por Rodrigo Müzell, gerente de jornalismo digital da RBS e membro do Conselho Editorial da RBS
Um desafio se impõe às sociedades que buscam preservar a democracia em tempos de turbulência: garantir o acesso à informação de qualidade e combater a desinformação. Essa é uma tarefa de toda a sociedade, mas na qual o jornalismo tem papel fundamental. E, à medida que a nossa vida migra para o digital, fica mais importante exercer essa função no ambiente online.
Assunto constante no Conselho Editorial da RBS, aumentar cada vez mais a relevância do nosso conteúdo digital não é desafio simples. Menos ainda, recente – já fazemos jornalismo digital há mais de um quarto de século. No entanto, o público em 2023 nos traz algumas tarefas. Uma delas é sempre estar nas plataformas e nos formatos que deseja consumir. Em vídeo, texto e áudio, com doses definidas pelo gosto do consumidor. E um hábito não exclui o outro. Uma onda crescente de consumo de imagens convive com o interesse maior por podcasts; a informação curta pelo WhatsApp não impede que busquemos um conteúdo mais aprofundado do assunto que nos interessa. É assim que pensamos a atuação em GZH e nos demais canais da RBS. Mais do que uma mídia, o digital é um ambiente de encontro.
Mas também é um lugar de conflito. Em grupos fechados em que as informações falsas circulam ou em redes sociais que estimulam a formação de bolhas, brigas e polarização, o momento é de crescente fadiga de notícias. Fenômeno mundial que, segundo pesquisa do Reuters Institute, está mais forte no Brasil. É necessidade cada vez maior da imprensa entender seu público e apostar nos assuntos que ele considera mais importantes. Entregar conteúdos de forma mais personalizada, buscar um equilíbrio maior entre notícias ruins e boas (sim, elas existem!) e investir em reportagens que apontem caminhos para resolver os problemas. Ser útil.
É necessidade cada vez maior da imprensa entender seu público e apostar nos assuntos que ele considera mais importantes
Em meio a uma avalanche de notícias, temos a tarefa de contextualizar os fatos. O que significa o aumento de um ponto na inflação? Ou milhões gastos em uma obra? O digital permite fazer isso tanto em formatos que se encaixam na rotina corrida quanto nos momentos de pausa. Nas redações, o uso da inteligência artificial para automatizar funções mais simples é tendência mundial que permite liberar o jornalista para refletir mais sobre as informações que apura. E aumentar a presença em plataformas de redes sociais mais recentes, como o Tik Tok, na qual principalmente consumidores mais jovens buscam informação e entretenimento.
No jornalismo digital, que há 25 anos responde à mudança constante do público, a palavra “novo” chega a ser velha. Até por isso, é ainda mais necessário reforçar a busca pelos valores mais tradicionais do jornalismo: ética, equilíbrio, pluralidade, precisão. Nossa tarefa diária, e também nosso privilégio.