A Polícia Federal levará pelo menos mais 30 dias para concluir o inquérito sobre a morte de dois agricultores em Faxinalzinho, no final do mês de abril. Nesta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para cinco indígenas que estavam presos acusados de participação no crime. Segundo a delegacia da PF de Passo Fundo, ainda são aguardados resultados de perícias e ainda "serão feitas algumas diligências", de acordo com o delegado Mário Luiz Vieira, responsável pelas investigações. Após concluído, o inquérito será remetido ao Ministério Público Federal, que poderá oferecer denúncia à Justiça.
Ontem, durante passagem por Porto Alegre para acompanhar o esquema de segurança montado para a Copa do Mundo, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo declarou que as negociações em Faxinalzinho devem ser retomadas em breve, mas não estipulou data para nova reunião entre indígenas e agricultores.
“Continuamos apostando nas mesas de diálogo para solucionar o conflito. Recebi a informação que os caciques de Faxinalzinho estão inclinados a aceitar participar destas conversas”, declarou. No entanto, apenas uma negociação está em andamento e diz respeito a demarcação de área em Sananduva, onde apenas uma reunião foi realizada até o momento. Mesmo assim, Cardozo demonstrou otimismo. “Aos poucos a negociação vai ganhando a dimensão que outros estados já atingiram. O Mato Grosso e Santa Catarina estão fechando diálogo. Aqui, isso começa a avançar”, comentou.
Com a transferência do processo para o STJ, em Brasília, caberá a Procuradoria-Geral da República analisar eventual recurso contra a decisão que libertou os índios suspeitos do crime. Outros dois mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal de Erechim sequer foram cumpridos.