O ex-secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia, disse em entrevista à Rádio Gaúcha que pretende sair da linha de frente da política: não quer mais concorrer a cargos eletivos, tampouco assumir posições no Executivo. O ex-presidente da Assembleia Legislativa disse ao Gaúcha Atualidade que não tem críticas à atuação da Polícia Federal. Destacou, porém, que a Operação Concutare, que resultou na prisão de Záchia e de outras 17 pessoas, representou uma invasão muito grande em sua vida.
"Ninguém é masoquista, eu não tô aí pra ficar sofrendo", disse Záchia, que completou: "teve um custo pessoal e familiar muito grande".
Para Luiz Fernando Záchia, a exposição a que foi submetido devido à Operação Concutare reforçou a intenção de desistir da vida política, especialmente pela certeza da injustiça: "eu não pertenço à máfia, eu saí daqui achando que era um mafioso, que fazia parte de uma rede. Aí chego na Polícia Federal, as pessoas vão chegando, que estão presas na mesma Operação, eu não conhecia 14 de 18. Eu nunca vi, não sabia quem era, não sabia o nome, não sabia nada! Qual é a atividade, qual é o segmento, não tinha relação, nunca tinha conversado, nunca tinha participado de uma audiência, uma reunião... Eu conhecia quatro. Eu pensei: mas o que eu faço aqui?".
Segundo Záchia, ele foi preso na segunda-feira, quando a Operação foi deflagrada, sem receber informação sobre as acusações. O ex-secretário disse que apenas foi informado de que seria enviado ao Presídio Central de Porto Alegre e que tomou conhecimento das denúncias somente na noite de terça-feira, quando os advogados tiveram acesso à documentação relativa à investigação da Polícia Federal. De acordo com Luiz Fernando Záchia, na quarta-feira prestou depoimento por cerca de cinco horas, quando respondeu a todas as questões com precisão.
Záchia reforçou ainda que a viagem que fez à Espanha para participar de evento ambiental foi paga pela prefeitura de Porto Alegre. Ele esclareceu que foi indicado pelo Instituto Biosenso, de Berfran Rosado, um dos presos pela PF na Concutare. Na ocasião, foi à Europa para relatar a experiência de revitalização da Orla do Guaíba. Na entrevista ao Gaúcha Atualidade, o ex-secretário defendeu a Smam. Luiz Fernando Záchia reconheceu que os processos são lentos, mas garantiu que não há irregularidades na liberação de licenças ambientais na secretaria.
Entenda o Caso
A Operação Concutare, deflagrada na segunda-feira (29/04) resultou na prisão temporária de 18 pessoas, entre elas: empresários, servidores públicos e políticos como o ex-secretário do Meio Ambiente e consultor da secretaria, Berfran Rosado (PPS), e os secretários Estadual do Meio Ambiente, Carlos Fernando Niedesberg (PC do B), e da Capital, Luiz Fernando Záchia (PMDB). A investigação da Polícia Federal aponta suposta fraude na concessão de licenças ambientais mediante pagamento de propina para a liberação de mineração e empreendimentos imobiliários. A investigação continua e a Polícia Federal acredita que até 50 pessoas podem ser indiciadas.