
O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (24) que vai impor tarifas alfandegárias de 25% a todos os países que comprarem petróleo ou gás venezuelano a partir de 2 de abril em suas transações comerciais com os Estados Unidos.
Há algumas semanas, descontente com o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, pelo ritmo de voos de repatriação de seus nacionais, o magnata republicano revogou a licença que permitia a petroleira americana Chevron a operar na Venezuela.
Ele deu prazo até 3 de abril à petroleira para liquidar suas operações no país caribenho, que prevê suas consequências no mercado. Nesta segunda-feira (24), o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros anunciou que o prazo foi prolongado até 27 de maio.
A Venezuela é o terceiro maior fornecedor de petróleo para os Estados Unidos, atrás do Canadá e México, com 296.000 barris diários (bd) em dezembro de 2024, segundo a Administração de Informação Energética (EIA, em sua sigla em inglês).
Segundo o Financial Times, "a Venezuela exportou 660.000 barris diários de petróleo para todo o mundo no ano passado, com China, Índia e Espanha entre os principais compradores".
Motivação
Essa "tarifa secundária" será aplicada "por diversas razões", afirmou o magnata republicano em uma mensagem publicada em sua plataforma, a Truth Social. Segundo ele, uma das motivações seria a acusação de que o país caribenho está enviando criminosos para os Estados Unidos.
"A Venezuela enviou de forma deliberada e enganosa dezenas de milhares de criminosos de alto escalão e outros tipos para os Estados Unidos, muitos dos quais são assassinos e pessoas de natureza muito violenta", reclamou.
Ele cita como exemplo a gangue Tren de Aragua, que designou como organização terrorista ao retornar à Casa Branca em 20 de janeiro.
"Estamos em processo de devolvê-los", acrescentou Trump, cujo governo desafiou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a repatriar cidadãos em situação irregular nos Estados Unidos se quiser evitar "sanções rígidas", nas palavras do chefe da diplomacia, Marco Rubio.
"Esse não é um tema de debate nem de negociação. Também não merece recompensa alguma", avisou Rubio na semana passada.
"Muito hostil"
"A Venezuela tem sido muito hostil aos Estados Unidos e às liberdades que defendemos", insiste Trump em sua mensagem.
"Portanto, qualquer país que compre petróleo ou gás da Venezuela será obrigado a pagar uma tarifa alfandegária de 25% aos Estados Unidos sobre qualquer comércio que fizer com nosso país", alerta. A medida "entrará em vigor em 2 de abril".
Desta forma, Trump alonga a lista de tarifas aduaneiras previstas para essa data, sobretudo as chamadas tarifas "recíprocas", que consistem igualar dólar a dólar as tarifas impostas aos bens americanos no exterior.
Será o "Dia da Libertação" dos Estados Unidos, repete Trump diariamente.
Tensão em alta
A tensão entre Caracas e Washington aumentou há alguns dias, depois que os EUA invocaram uma lei de guerra de 1798 contra o Tren de Aragua e enviaram 238 venezuelanos para El Salvador para serem encarcerados em uma mega prisão. O governo venezuelano chama isso de sequestro.
Maduro cortou relações diplomáticas com Washington em 2019, durante o primeiro mandato de Trump. Seu sucessor, o democrata Joe Biden, manteve contatos ocasionais para facilitar a realização de eleições presidenciais em julho de 2024, que acabaram afetadas por fraude, segundo Washington e muitos países.
Trump, assim como Biden, apoia Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana que está exilado e que reivindica a vitória nas eleições de julho.