O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, Fed) se reúne na terça e quarta-feira para analisar a redução das taxas de juros em meio ao aumento da inflação.
A alta dos preços complicará sua decisão, mas ainda se espera uma redução das taxas, enquanto as políticas anunciadas pelo presidente eleito, Donald Trump, poderão aumentar ainda mais a inflação.
Os representantes do Fed abordarão o tema "com cautela", destacam os economistas da High Frequency Economics.
Cortar um 0,25% ou manter as taxas no nível atual de 4,50-4,75%? Segundo avaliação do CME Group, a maioria do mercado aposta na primeira opção.
Contudo, a inflação começou a subir novamente nos últimos dois meses, após seguir uma trajetória otimista em direção à meta de 2% estabelecida pelo Fed.
Mas o presidente da instituição, Jerome Powell, "receberá favoravelmente" estes dados, que "sugerem que a inflação segue um caminho acidentado para retornar aos 2%, em um contexto de forte crescimento e de um mercado de trabalho equilibrado", destacou Krishna Guha.
O índice de preços ao consumidor IPC - ao qual estão indexadas as aposentadorias - subiu em novembro para 2,7%.
O índice PCE, que o Fed pretende reduzir para 2%, será publicado no dia 20 de dezembro.
Para os produtores, os preços subiram em novembro, atingindo o nível mais elevado em quase dois anos, devido especialmente às consequências da gripe aviária, segundo o índice IPP.
"Ainda estamos longe de declarar vitória na guerra contra a inflação", alertou Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, em entrevista à AFP.
- Ambiente inflacionário -
Depois de cortar as taxas em 0,5% em setembro e 0,25 em novembro, estes dados encorajarão o Fed a tomar medidas ponderadas para evitar um novo aumento nos preços.
Jerome Powell disse recentemente que o Fed "poderia ser um pouco mais cauteloso", devido ao fortalecimento da economia.
Uma das suas governadoras, Michelle Bowman, considerou que os riscos associados à inflação são "maiores" do que os associados ao desemprego.
No entanto, mesmo que o Fed baixe as taxas conforme esperado, é pouco provável que a decisão seja unânime.
"Pode haver um voto, ou vários, a favor de uma pausa", disse à AFP Greg Daco, economista-chefe da EY Parthenon.
Em sua conferência de imprensa de quarta-feira, Jerome Powell terá, sem dúvida, "problemas suficientes para justificar este corte nas taxas em um ambiente que, neste momento, é percebido como mais inflacionário".
O crescimento dos EUA, impulsionado pelos gastos dos consumidores, permaneceu muito mais forte do que o esperado. E "há uma incerteza latente sobre as políticas (...) que serão implementadas no próximo ano", afirma o economista.
Donald Trump retornará à Casa Branca em 20 de janeiro. Desregulamentação, imigração, redução de impostos, aumento de tarifas: as medidas planejadas pelo republicano "terão efeitos incertos no crescimento, mas certos na inflação", destaca.
* AFP